sábado, 31 de outubro de 2015

MENOS EU




Júlio comprou uma moto, e na rua da minha casa, corria, fazia “rodão”, fazia muito barulho e pelo chão deixava as marcas de pneus com suas manobras radicais
Todos acham um máximo, menos eu

Júlio andava com velocidade máxima, ultrapassava e costurava todos os veículos, era imbatível até mesmo pela polícia que jamais conseguiu pegá-lo nas fugas extraordinárias pelas avenidas, ruas e becos da cidade
Todos o idolatravam, menos eu

Júlio nunca foi pego pela polícia, dirigia sem carteira de habilitação, acelerava a moto quando via mulher bonita mesmo se elas estivessem acompanhadas.
Todos queria ser como ele, menos eu
Júlio apostou corrida e em alta velocidade perdeu o controle da moto,  atingiu um carro de frente e com o impacto, acabou voando por mais de cem metros. Júlio quebrou os braços, pernas, costelas, cervical, rachou a parte parietal do crânio e o sangue escorria pela Avenida Santa Tecla.
Todos ligaram pra ambulância, menos eu

Júlio teve morte instantânea, velório com caixão fechado, a anatomia do seu corpo ficou desfigurada
Os amigos lamentaram, os familiares choraram e todos se desesperaram, menos eu.

                                                   (Richar Conceição)