terça-feira, 4 de outubro de 2016

FIM DE TARDE



Sentirei uma infinita saudade daquele fim de tarde do mês de outubro, em que nos beijamos pela primeira vez no centro da cidade. Ao meu redor, tudo estava mudando rapidamente e eu não percebia, pois os meus sentimentos estavam todos voltados para você.
Sentirei saudade de quando nos encontrávamos na rua Melanie Granier nas manhãs de primavera, quando você saía mais cedo ou então matava as aulas chatas da sua escola particular.
Sentirei saudade dos fins de tarde em que eu caminhava quilômetros e quilômetros até o seu bairro, enfrentava muitas vezes o calor do verão e as chuvas torrenciais, apenas para ficar alguns instantes com você e ganhar uma dose dos seus carinhos.
Sentirei saudade daquela manhã ensolarada de fevereiro, em que eu gastei o único dinheiro que tinha com os bombons mais caros e te enviei pelo correio para te convencer que todo o amor que eu sentia era verdadeiro e tinha mais valor do que os meus últimos centavos.
Sentirei saudade das mensagens que você me enviava por celular nos dias em que eu estive internado no hospital, e das madrugadas insones que a gente se falava por telefone e ouvia a mesma frequência de rádio que executava belíssimas canções de amor.
Sentirei saudade do dia em que você fez aniversário e eu tive que entrar de penetra na sua festa, porque seus pais sempre foram contra o nosso namoro e mesmo sem me conhecer, sempre tiveram ódio de mim.
Sentirei saudade das frias manhãs de inverno, quando a gente se encontrava na frente da sua escola antes de você entrar para aula, e eu sempre me atrasava para o serviço, porém, ninguém era capaz de tirar o meu bom humor após ganhar um beijo seu.
Sentirei uma infinita e nociva saudade de cada momento que vivi ao teu lado, ainda mais agora que o tempo passou, nós não somos mais namorados, nem amigos e semana que vem você vai morar pra sempre em outra cidade.
Sentirei uma vontade desesperadora de pedir para que você fique mais um pouco para reatarmos o nosso namoro se ainda for possível. Sentirei insônia, depressão e um vazio imenso na minha alma quando você se for para nunca mais voltar, e não importa o que eu diga ou faça, o seu coração já não pertence mais para mim. Do nosso romance, não restou amor, nem paixão e nem amizade. Só restaram a tristeza e a infinita saudade daquele fim de tarde do mês de outubro, em que nos beijamos pela primeira vez.

                                            (Richar Conceição)