domingo, 18 de novembro de 2012

POEMA TACITURNO



                                     POEMA TACITURNO

Todo mundo abre a porta da sua casa num dia ensolarado, caminha pelos jardins coloridos, debaixo de um céu azul com um sol amarelo e radiante, ora encoberto por nuvens brancas. Já eu, quando abro a porta de casa, eu vejo um jardim com flores pretas debaixo de um céu preto, com sol preto e encoberto por nuvens pretas.
No fim do ano, todo mundo põe roupa branca ou amarela pra simbolizar a paz e o ouro, enquanto eu coloco minha camiseta preta, minha calça preta, meu tênis preto e minha cueca preta pra simbolizar a paz que não tenho e o ouro que nunca tive.
No dia dos namorados, vejo homens apaixonados invadindo as floriculturas procurando rosas vermelhas para presentear as suas namoradas, enquanto eu procuro rosas pretas pra dar à minha namorada que tem; cabelo preto, usa batom preto e pinta as unhas de preto.
Todo mundo que conheço tem bichos de estimação; pombinha branca, cachorro branco e até uns pássaros coloridos, em extinção, trancados em gaiolas no pátio de casa. Já eu, tenho um galo preto, um morcego preto e um gato preto que me faz companhia no meu quarto pintado de preto, onde eu ouço o palpitar desesperador do meu coração preto, cheio de sangue preto que percorre aceleradamente nas minhas veias e artérias pretas. Trancado no meu quarto preto eu escrevo meu poema taciturno com minha caneta de tinta preta, num caderno de linhas pretas, de capa preta e com um desenho de um caixão todinho pintado de preto.

                                               (RICHAR CONCEIÇÃO)

Nenhum comentário:

Postar um comentário