quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
CADÁVER FEMININO
CADÁVER FEMININO
Ao amanhecer, eu a vi deitada numa área bastante deserta de um terreno baldio. Continuava linda como sempre; com seus cabelos loiros, a pele clara, cada vez mais pálida, o corpo nu, os seios fartos e o rosto pálido, porém a palidez do seu rosto não diminuía a beleza contida nos seus dezesseis anos de vida.
No fundo da minha alma perturbada, começaram a nascer sentimentos estranhos; um instinto de repugnância misturado com a vontade derradeira de tê-la aos meus braços.
Eu queria sentir a sua respiração ofegante junto ao meu corpo, mas seus pulmões já deixaram de respirar. Eu queria sentir a doçura daquela boca mordendo e beijando os meus lábios, mas aquela boca se tornou um ninho de formigas onde as moscas pousam sobre os seus lábios macios.
Eu queria sentir o calor daquele corpo nu pesando sobre o meu corpo e poder me deleitar com sua malícia, pudor e virgindade, mas o seu corpo não tem mais o calor que tinha e nele ainda estão as marcas de que sua virgindade foi arrancada brutalmente por um psicopata, louco e estuprador.
Eu queria sentir novamente, o perfume feminino que aquela moça exalava todas as manhãs quando saía do banho; os cabelos molhados, corpo perfumado e roupa justa. Mas agora, nada mais se compara com as lembranças; o cabelo molhado está seco e quebradiço, as roupas justas foram arrancadas violentamente, e da fragrância daquele corpo perfumado sobrou apenas o pútrido e fétido odor causado por esses três ou quatro dias em que o corpo esteve se decompondo.
Quis olhar pela última vez as curvas daquele corpo com a esperança de guardar na minha memória a derradeira sensação de prazer que ela me fazia sentir, mas as curvas já estavam praticamente inexistentes no seu corpo, pois o inchaço da decomposição dava um aspecto incomum nas suas coxas, membros flanco.
Restou para mim apenas as lembranças dos momentos que idealizei e jamais poderei concretizar, pois a morte daquela moça levou para sempre a minha esperança de ser feliz ao lado de quem desejei, chorei e amei em silêncio.
(Richar Conceição)
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Muito bom texto, pô cara tem registrar isso em um livro. Não sou um bom leitor mas curti muito esse texto... Excelente! Parabéns!
ResponderExcluirMuito obrigado Alisson, por ter entrado no meu BLOG, eu continuarei sempre escrevendo, e espero um dia publicar as coisas num livro. Se vai ficar bom ou se alguém vai comprar, isso eu já não sei. kkkkkkkk Mas irei lançar sim! Abraço
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